sábado, 16 de março de 2013

II AMORES PARTICULARES E OCULTOS DE JESUS - 6 PEDERASTIA INICIÁTICA NO MUNDO ANTIGO, por arturjotaef

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Durante los veinte años que duró el mandato del emperador Adriano (117 a 138 dC) se produjo en Roma y sus provincias un nuevo interés por la cultura griega, la cual había perseguido en sus diferentes estadíos el ideal de la belleza humana. Dicho interés era fomentado por el propio emperador quien, conocido como un mandatario itinerante y debido a su cultura personal, en tan poco tiempo se desplazó hacia numerosos puntos alejados de su Imperio, dedicando especial atención a la edificación de obras arquitectónicas y la restauración patrimonial de su adorada Atenas. (…) En uno de aquellos viajes, conoció el emperador a un joven bitino de nombre Antinoo, el cual le pareció ser la encarnación de la belleza misma. En el marco de lo que en la Antigüedad clásica se conocía como Pederastía (la relación entre un hombre maduro y un joven adolescente, en la que el mayor era maestro y guía y el menor discípulo y compañero, y en la que había también un involucramiento amoroso y sexual), el joven y Adriano permanecieron juntos durante los siguientes años, hasta la misteriosa muerte de aquel. (…) Tal parece que Adriano pretendió asimilar a Antinoo al Panteón Olímpico. Ese hecho dio lugar a diferentes reacciones. En Grecia, debido al origen del joven, se recibió el nuevo mito con agrado, pues se veía en él un resurgir de la cultura helénica. Lo mismo pasó en Egipto, pues la obvia vinculación con Osiris hacía que aquella región tan distinta se sintiera partícipe y protagonista. Adriano envió imágenes a los confines del Imperio, desde Britannia hasta Asia Menor. Sin embargo fue en Roma, centro del poder y la religión, en donde Antinoo generó desagrado y malestar. El hecho de que se considerara dios a un simple plebeyo de las provincias, cuando solo el emperador y su esposa eran quienes recibían tal honor, hizo que se sintiera el forzado mito como una injusticia. Por otra parte, los intrigantes que esperaban ansiosos las consecuencias del hiperbólico accionar de un emperador que no podía separar lo público de lo privado y que lloraba a su amante delante de sus súbditos, no entendían que, auténtico o no, el mito servía a Adriano para unificar un Imperio demasiado grande y heterogéneo. Esa fue, sin embargo, una de las acusaciones que se hizo a posteriori, al propio emperador: utilizar al joven muerto como una excusa para acrecentar su poder. Por Mercedes Giuffré. Octubre de 2001.

O termo pederastia (do grego antigo παιδεραστία, de paidika = ἐρώμενος e ἐραστής "amante"), era vista, dependendo das situações, ora como uma questão de fascínio estético, ora inserida na educação dos adolescentes do sexo masculino, rapazes de boas famílias e de boa posição social, por parte dos pedagogos. Geralmente estes pedagogos - varões maduros - tinham o papel de mestres, ensinando-lhes algum ofício, e era muitas vezes motivo de orgulho para uma família que seu filho homem pudesse conseguir um mestre de prestígio, e desta forma ascender socialmente.

Obviamente que em sociedades sem os preconceitos sexuais vitorianos modernos a própria forma do relacionamento variaria entre a mera simpatia, o estritamente erótico e a sexualidade consumada, como contrapartida mais ou menos tácita da mesma.

No Banquete de Platão verificamos que, mesmo quando a sexualidade entre mestre e aluno aparecia como quase inevitável ela poderia nem sequer acontecer mais para desgosto do aluno do que do mestre! Em bom rigor, na relação sexualmente falhada entre Sócrates e Alcibíades ficamos sem saber se foi o descaramento atiradiço de Alcibíades que inverteu os papeis tradicionais ἐραστής / ἐρώμενος irritando ou inibindo o mestre ou se foi este que aproveitou os excessos de ardor do aluno para lhe dar uma lição sabedoria de vida, de moderação e respeito pelos bons costumes e pelos direitos dos idosos em particular. Em qualquer dos caso estamos já perante uma pederastia atípica e decadente em que a contrapartida sexual aparece como objectivo demasiado explícito e primário já nem sequer apenas para o mestre quanto sobretudo para o aluno!

Depois disso convidei-o a fazer ginástica comigo e entreguei-me aos exercícios, como se houvesse então de conseguir algo. Exercitou-se ele comigo e comigo lutou muitas vezes sem que ninguém nos presenciasse; e que devo dizer? Nada me adiantava. Como por nenhum desses caminhos eu obtivesse resultados, decidi que devia atacar-me ao homem à força e não o largar, uma vez que eu estava com a obra em mãos, para logo saber de que é que se tratava. Convido-o então a jantar comigo, exactamente como um amante armando cilada ao bem-amado. E também nem nisso ele me atendeu logo, mas na verdade com o tempo deixou-se convencer. Porém quando veio da primeira vez, depois do jantar queria partir. Eu então, envergonhado, larguei-o; mas repeti a cilada, e depois que ele estava a jantar eu pus-me a conversar com ele pela noite dentro, ininterruptamente, e quando ele quis partir, observando-lhe que era tarde, obriguei-o a ficar. Ele descansava então no leito ao lado do meu, no mesmo em que jantara, e ninguém mais no compartimento ia dormir senão nós. Bem, até esse ponto do meu discurso ficaria bem fazê-lo a quem quer que seja; mas o que se segue a partir daqui, vós não mo teríeis ouvido dizer se em primeiro lugar, como diz o ditado, a verdade não estivesse antes de mais no vinho, sem as crianças ou com elas; depois, porque obscurecer um acto excepcionalmente brilhante de Sócrates, quando se saiu a elogiá-lo, me parece injusto. E ainda mais, porque o estado do que foi mordido pela víbora é também o meu. (...)

Como com efeito, senhores, como a lâmpada se apagara e os servos estavam fora, decidi que não devia fazer nenhum floreado com ele, mas francamente dizer-lhe o que eu pensava; e assim o interpelei, depois de o sacudir:

- Sócrates! Estás a dormir?

- Absolutamente - respondeu-me.

- Sabes então qual é a minha decisão?

- Qual é exactamente? - Retornou-me.

- Tu pareces-me ser - disse-lhe eu - um amante digno de mim, o único, e mostras-te hesitante em declarar-te a mim. Eu porém é assim que me sinto: eu acho-me inteiramente estúpido por não te aquiescer não só nisso como também em algum caso em que precisasses ou de minha fortuna ou dos meus amigos. A mim, com efeito, nada me é mais digno de respeito do que o eu tornar-me o melhor possível, e para isso creio que nenhum auxiliar me é mais importante do que tu. Assim é que eu, a um homem como tu muito mais me envergonharia recusar os meus favores diante da gente ajuizada do que se os concedesse diante da multidão irreflectida.

E este homem, depois de me ouvir, com a perfeita ironia que é bem sua e do seu hábito, retorqui-me: - Caro Alcibíades, é bem provável que realmente não sejas um vulgar, se chega a ser verdade a que dizes a meu respeito, e se há em mim algum poder pelo qual tu te poderias tornar melhor; sim, uma irresistível beleza verias em mim, e totalmente diferente da formosura que há em ti. Se então, ao contemplá-la, tentas compartilhá-la comigo e trocar beleza por beleza, não é em pouco que pensas levar-me vantagem, mas ao contrário, em lugar da aparência é a realidade do que é belo que tentas adquirir, e realmente é “ouro por cobre” que pensas trocar. No entanto, ditoso amigo, examina melhor; não te passe despercebido que nada sou. Em verdade, a visão do pensamento começa a enxergar com agudeza quando a dos olhos tende a perder a sua força; tu porém estás ainda longe disso. E eu, depois de ouvi-lo:

- Ora ai está, quanto ao que é de minha parte nada do que está dito é diferente do que penso; tu porém decide de acordo com o que julgares ser o melhor para ti e para mim.

- Bem, tomou ele, nisso sim, tens razão; daqui por diante, com efeito, decidiremos fazer, a respeito disso como do mais, o que a ambos nos parecer melhor.

Eu, então, depois do que vi e disse, e que como deixei escapar alguma flechas, imaginei-o ferido; e assim que eu me ergui sem ter-lhe permitido dizer-me nada mais, despi-me e vesti esta minha túnica – apesar de ser inverno - estendi-me por sob a manta deste homem, e abraçado com estas duas mãos a este ser verdadeiramente divino e admirável fiquei deitado a noite toda. E não me vais dizer, ó Sócrates, que também nisto estou a exagerar. Ora, não obstante tais esforços meus, quanto mais neste homem cresceu o desprezo pela minha juventude, ludibriando-a, insultando-a justamente naquilo que eu pensava ser alguma coisa, senhores juízes; sois com efeito juízes da sobranceria de Sócrates - pois ficai sabendo, pelos deuses e pelas deusas, quando me levantei com Sócrates, foi após um sono em nada mais extraordinário do que se eu tivesse dormido com o meu pai ou meu irmão mais velho! -- Banquete de Platão.

No banquete de Platão Alcibíades comporta-se como um jovem moderno “mordido pela cobra”, rico e mimado, lançado no jogo do engate descarado de fruta madura.

A estoicidade de Sócrates poderá ter sido real mas foi aqui retratada por Platão como um exemplo de exagerada grandeza moral mas num contexto de que, outro qualquer mortal que não Sócrates, se não se tivera antecipado a Alcibíades pelo menos dificilmente lhe teria resistido tanto tempo!

Por esta altura, Atenas estava a passos largos de distância do mundo antigo oriental e já a caminho da modernidade ocidental futura. Na verdade este relato é quase “um conto da cidade dos Anjos”.

Este episódio de pederastia académica atípica é pouco representativo da pederastia iniciática que continuaria a acontecer em todo o oriente antigo até aos tempos actuais mas já perto do que começava a acontecer a ocidente com o estoicismo e acabou por acontecer quando o cristianismo conseguiu esconder a pederastia nos mosteiros e conventos, não tanto para evitar escandalizar as crianças eventualmente em risco de violência pederástica mas sobretudo para evitar o escândalo público entre adultos carenciados de “brincadeiras infantis”.

Entretanto deram-se os recentes escândalos em alguns seminários e casas paroquiais e foi o suficiente para a pederastia saltar para a primeira página dos jornais e passar de pecado nefando a crime hediondo! O lixo sexual que até ai andava escondido debaixo dos tapetes das nunciaturas apostólicas passou a ser remexido por todos lado e para espanto geral descobriu-se que a pedofilia pedagógica já não existia e, pelo contrário e para vergonha geral, a pedofilia ocorre maioritariamente no meio familiar e não nas igrejas e instituições.

E no entanto a única educação sexual que a Igreja Católica aceitava até ao aparecimento da na Doutrina Social da Igreja de João Paulo II era no seio familiar.

Os pais têm o direito e a obrigação de verificar o modo como se realiza a educação sexual nas instituições educacionais que estão a seu serviço, de modo a garantir que a abordagem deste tema se faça de modo adequado e de conformidade com as suas convicções morais. -- A Família na Doutrina Social da Igreja.

Donde se conclui facilmente que a pedofilia, tal como o incesto, antes de se tornar uma indecência terá sido a forma corrente de aprendizagem prática por vezes traumática da sexualidade e, por isso, um pecado original da espécie humana e corrente entre alguns primatas mais viciosos.

Assim, também se pode inferir que a pederastia / pedofilia pedagógica era a versão civilizada da pederastia / pedofilia iniciática antiga que já era, por sua vez uma evolução dos ritos arcaicos de passagem!

Nos “rituais de passagem” a sexualidade iniciática nem sequer entraria como contrapartida tácita duma relação mestre aluno nem mesmo como mero acidente inevitável de percurso por via duma espécie de relação de transferência de tipo psicanalítico passada ao acto. Os ritos de passagens seriam, como toda a ritualidade antiga, um mecanismo sagrado que tinha por função precisamente a de evitar que a inevitabilidade da transferência provocasse estragos afectivos nos neófitos e mal-estar social.

Sendo assim, na época antiga os mistérios já pouco mais eram do que uma espécie de exorcismo caricato, pálida imagem dos segredos místicos arcaicos com os quais se consumava a iniciação dos adolescentes violentando a sua inocência com um corte simbólico de carga sexual condenando-os assim de maneira violenta ao rigor da vida adultícia particularmente arriscada na caça e na guerra! Suspeite-se também que em épocas já menos arcaicos alguns ritos dos “rituais de passagem” fossem carregadamente sexuais precisamente como forma rudimentar de educação sexual que permitia aos adolescentes acabados de sair das saias protectoras do matriarcado iniciarem-se nas responsabilidades da vida reprodutiva como condição de sustentabilidade do poder baseado na domus da família patriarcal!

Nos mistérios dionisíacos da época clássica já tudo seria meramente simbólico e dito possivelmente duma forma (que poderá ter sido bem muito mais vernácula em tempos idos!):

* Em nome dos deuses da fertilidade se imola a inocência mordendo-a com a cobra sagrada *!

*Comei e bebei do corpo místico de Baco que será doravante a vossa salvação *! Ou então, alguma fórmula de sabedoria ao gosto do senso-comum, do género:

* faz-te à vida meu filho pensando na eterna porque nesta...meio mundo sobrevive a comer o outro meio *!

Obviamente que, na época clássica, o arcaico direito de rapto referido por Bernard Sergent, no seus livro Homosexualité et initiation chez les peuples indo-européens, já tinha desaparecido há muito assim como o sacrifício de crianças que apenas os fenícios e (quiçá, os judeus da Samaria) praticavam.

A pederastia iniciática acabava nos ritos de passagem em que o adolescente que punha a vida à prova em rituais simbólicos de morte e ressurreição solar.

Mercedes Giuffré. Octubre de 2001: El fin de la pederastía: El mencionado episodio de la caza del león habría acontecido poco tiempo antes de la conflictiva muerte, en Egipto. Durante su transcurso, Antinoo habría demostrado a los presentes que se había convertido en un hombre, adelantándose y acometiendo valerosa y virilmente a la fiera y dejando a Adriano el estacazo final. Este hecho marcaría la superación del joven y el fin de la pederastia, que habría precipitado luego los conocidos acontecimientos. "Cediendo, como siempre, le prometí [a Antínoo] el papel principal en la caza del león. No podía seguir tratándolo como a un niño, y estaba orgulloso de su fuerza juvenil". (Yourcenar, Marguerite. pág 154.)

A este propósito, e não apenas de passagem, importa aqui referir a duplicidade hipócrita que a literatura beata, iniciada pelos padres da Igreja, vieram introduzir no contexto da moralidade ascética ocidental iniciada pelo estoicismo militarista romano em contra corrente com as mais antigas tradições orientais.

Éste Antinoo, aunque saben que es un hombre, y un hombre en modo alguno honorable sino libertino a más no poder, recibe honores por miedo hacia quien dio semejante orden. Pues cuando Adriano estuvo en la tierra de los egipcios murió Antinoo, el esclavo de su placer, y entonces ordenó que se le rindiera culto, ya que aún después de su muerte estaba enamorado del joven"; San Atanasio Contra los paganos, Madrid, Ciudad Nueva, 1992, pág. 53.

De qualquer modo, a pederastia pedagógica era bem mais generalizada e institucionalizada do que se desejaria acreditar nos meios católicos sobretudo depois de posições como as de Santo Atanásio a respeito do pupilo do imperador Adriano. Quer Santo Atanásio quisesse ou ignorasse a pederastia era uma instituição educativa oriental antiquíssima e mais respeitada a oriente do que a ocidente.

Obviamente que nesta postura puritana há tanto de beatice acética, herdada do estoicismo latino e do puritanismo farisaico, quanto de apologética hipócrita baseada no superioridade moral do cristianismo como principal argumento contra indignidade dos deuses romanos e a decadência da cultura imperial dominante.

Todas as fontes hoje disponíveis nos revelam que os essénicos e Jesus também praticavam os cultos de mistérios orientais com as necessárias adaptações à tradição judaica mais popular, ainda presente na Samaria, mas rejeitada pela classe sacerdotal, imposta pelos persas, e pelos pragmáticos fariseus e “outros doutores da lei” que sendo defensores duma lei mosaica recentemente inventada como rígida pelos padrões acéticos do maniqueísmo para bom grado de quem ganha a vida nas condenações e com os impostos penais a aplicar aos que sucumbem debaixo dos pesados fardos lei.

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Figura 2: Santo Atanásio de Alexandria (295-373)

Santo Atanásio de Alexandria (295-373), (...) foi um dos defensores do ascetismo cristão, tendo inaugurado o género literário da hagiografia, com a Vida de Santo Antão do Deserto, escrita primeiramente em grego e logo traduzida para latim, tendo-se difundido com grande rapidez pelo Ocidente do Império Romano.Este género baseava-se nas Vitæ de autores romanos pagãos (v. g., as Vidas dos Doze Césares, de Suetónio); porém, o que Atanásio procura fazer é tornar as Vitæ um modelo a ser seguido por todo o rebanho cristão, e é nesse sentido que é visto como criador do género; o que relata não tem que ser necessariamente verdadeiro, antes deve infundir no crente cristão a vontade de cultivar esse mesmo modelo de vida.

A propósito da pederastia a posição dos fariseus era a de Flávio Josefo.

141. Levítico 18, 29 e 21. Moisés condenou como crime horrível o incesto cometido com a própria mãe, ou madrasta, ou tia, tanto do lado paterno como do materno, ou irmã, ou nora. Proibiu coabitar com a própria mulher enquanto ela estivesse nas suas purgações. Condenou como crime abominável o coito com animais ou com rapazes e ordenou para todos esses pecados a pena de morte. -- CAPÍTULO 9, DEUS ORDENA ARÃO SUMO SACERDOTE. HISTÓRIA dos HEBREUS de Flávio Josefo, traduzida por Vicente Pedroso.

Mas se a moral de Jesus era radicalmente anti farisaica sê-lo-ia também a respeito da pederastia? Como adiante se verá, neste ponto Jesus não só seria um defensor escrupuloso ao pé da letra da lei mosaica como iria para além dela condenando severamente não apenas fazer mal como simplesmente escandalizar as crianças. Mas, se em princípio seria contra todas as formas de prostituição incluindo o uso de rapazes como forma de obtenção de puro prazer sexual não seria como Sócrates nem contra o amor platónico por adolescentes nem contra a sua iniciação sexual de forma ritualizada. Mas como nem os santos estão livres do pecado para os quais Jesus trouxe a salvação do perdão de todos os que não fossem contra o Espírito Santo suspeitamos desde já que a pedofilia iniciática ficou sempre como espinho na garganta do clero católico até emergir modernamente no escândalo dos crimes de pedofilia, aprendida nos seminários e propagada e difundida nas paróquias e cercanias de abadias e mosteiros obviamente a par da pura e dura homossexualidade mal disfarçada e encoberta pelo celibato clerical.

Seja como for, o cristianismo do sec. IV fez tudo o que pode para enterrar nas cinzas, a que Tito e seus seguidores votaram Jerusalém e a Palestina, o verdadeiro cristianismo de Jesus ao ponto de condenarem uma das seitas mais próximas de da família de Jesus, a dos Ebionitas, por seguirem um Evangelho Segundo S. Mateus numa versão hebraica que espantava muitos padres de Igreja por parecer, em muitos aspectos mais original do que a que oficial.

Mas Santo Atanásio não fez mais do que todos os que antes e depois dele fazem para viverem em privado e em segredo como querem impondo leis e restrições como muito bem ou mal entendem para que o mundo à sua volta seja feito à imagem e semelhança dos seus medos e conveniências com a aparência de mandamentos de Deus mas nem sequer, ou muito menos, para bem e libertação da humanidade!

Na verdade a pederastia sobreviveu e floresceu nos mosteiros e seminários cristãos até aos nossos dias. Apenas a maioridade dos “direitos do homem” permitiram às sociedades modernas comprarem o direito ao “orgulho alegre” da liberdade entre adultos com a cedência do direito das crianças e dos jovens a serem sexualmente iniciados por pedagogos escolhidos por si, já que passou a supor-se que a modernidade os tornou retardados e incapazes de escolhas adequadas nesta matéria. Hoje, a ignorância em moda, o que resta do puritanismo possidónio e a hidra de sete cabeças chamada hipocrisia levaram os alegres panascas a não quererem confundir-se com os envergonhados pederastas de esquina de rua com os quais nem no sétimo patamar do Inferno de Dante, que é o dos impuros de todos os tipos, se querem ver misturados.

A pedofilia pedagógica já não existe no século XXI porque é um crime penal grave desde o final do século XX! Como sempre, a ilegalidade e a repressão estão a transformar a pederastia e a pedofilia moderna num negócio sórdido de horrores e perversões!

Vilipendiado pelo opróbrio e votado ao ostracismo qualquer “molestador de crianças” é hoje mal intencionado e perseguido em conjunto com os pedófilos violentos, criminosos ou psicopatas.

Ter medo de que alguém possa comer criancinhas ao pequeno-almoço é uma piada de mau gosto tão corrente como acusar os políticos indesejáveis de quererem resolver o problema de envelhecimento populacional dando injecções a velhinhos atrás da orelha!

A condenação geral da moderna pedofilia, traumaticamente posta a nu pela moderna moralidade comum do mundo pós-moderno ocidental que após milénios de obscurantismo descobriu subitamente a sexualidade infantil traumática da psicanálise constitui, na sua virulência persecutória, uma espécie de tributo pago ao que resta da moralidade anti-sexual antiga pelo liberalismo vigente que alcançou o triunfo do direito à reserva da vida privada, para livre usufruto dum prazer sexual, virtualmente aberto a qualquer tipo de promiscuidade sem limites entre adultos livremente consentidos, com a reserva da exclusão dos crianças bem como, no limite, de todos os adultos em situação física ou material de não poderem exercer livremente o seu direito de livre consentimento sexual. Dito de outro modo a pedofilia moderna é, pelo menos na lógica dos defensores da liberdade sexual absoluta, a aceitação de que as crianças não podem aceder ao livre mercados sexual com adultos antes de atingirem a capacidade negocial duma escolha livre e consciente, ou seja, antes de atingirem a maturidade do desenvolvimento e a maturidade da sua identidade sexual.

Mas, afinal, como já se entendeu ainda é cedo para saber se estamos em presença duma vitória moral da humanidade, semelhante há que acabou com os sacrifícios humanos, particularmente de criancinhas, ou se constitui o preço corrente duma sociedade em transição para a liberdade sexual que por um lado ainda teme que os adultos contaminem a suposta inocência das crianças ou se é o que resta má-consciência judaico-cristã ocidental duma arcaica concepção da homossexualidade como forma intrínseca de libertinagem que pode macular a virgindade angelical que se considera natural das crianças mas que é sobretudo o que resta da memória cultural do pecado original!

Saudosos da sua própria inocência perdida os pais sentem pelos filhos a ansiedade antecipado de os verem crescer para a sexualidade enquanto começo duma vida livre e fora de casa! Depois, é a realidade dura e crua de todos os tempos de criar os filhos para a vida; virgens que outros irão desflorar, filhos criados com muito amor e carinho mas que outros poderão ou não amar para que ciclo da vida continue! Mas o ciclo da vida em sociedade civilizada nunca é exclusiva e necessariamente reprodutiva e muito menos nos tempos modernos.

O direito ao prazer sexual separado da reprodutividade social parece ser uma conquista da modernidade mas, para uma grande maioria ainda há muito de libertinagem no uso deste legítimo direito que tanto custou às gerações passadas!

Porém, a utopia do direito ao prazer, que muitos pensam ser um mero direito à loucura quando abusivo, é para outros, quando bem usado, a única forma de evitar a neurose e ainda o único contraposto aos sete pecados mortais do catolicismo!

Há que assumir de uma vez por todas que os paradoxos teológicos que tantas heresias e guerras santas provocaram ou são meros pretextos para jogos de poder ou meros artifícios para fugir à responsabilidade da verdade.

Os antigos preparavam os neofítos para a adultícia com rituais de passagem que o cristianismo sacramentou com o crisma. As sociedades modernas limitam-se a revisões do código penal e a promessas relativas a uma futura educação sexual obrigatória nas escolas e geram arremedos de ritos de passagem em praxes académicas.

No entanto, mais decisivo do que tudo isto é o facto de a pedofilia iniciática dos antigos se enxertar em rituais de passagem pascal, herdeiros de arcaicos, tão misteriosos quão místicos, ritos de transição da puberdade para vida adulta. Ora, como a puberdade do mundo rural antigo era mais precoce, por necessidade social resultante duma menor longevidade geral ou porque havia menos saber social a aprender, a verdade é que o que pode escandalizar os menos atentos é o facto de estas iniciações em épocas antigas se terem dado em idades que actualmente fazem ainda parte da nossa retardada puerícia social!

 

PEDERASTIA INICIÁTICA DE JESUS

Se o amor de Jesus pelo “jovem rico” e pelo discípulo amado” iria um pouco além do amor familiar e roçaria as raias do amor pedófilo também não seria nada que o classicismo ignorasse nem que a tradição católica dos seminários tivesse ultrapassado completamente. Claro que Jesus, como era de esperar na sua superior liberalidade e excelência moral, já era no seu tempo contra a pedofilia na sua essência mais profunda por esta ser, mais do que uma violência sobre um ser humano, constitucionalmente sem condições de conhecimento que lhe permitam assumir com inteiro livre-arbítrio os seus próprios pecados, um escândalo moral!

Luc. 17 1  E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem! 2 Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos.

Não existem muitos outros pontos em que Jesus manifeste, de forma tão clara a essência do seu pensamento moral baseado no “jogo limpo da vida”.

Este, por um lado, implica a autenticidade esclarecida, que é o mesmo que dizer a sensatez acima do senso-comum, alcançada por um amor tanto à verdade quanto ao divino Espírito Santo da sabedoria revelada, por outro, na congruência de atitudes, sem hipocrisias nem ardis e, por fim, acompanhada pela grande fortaleza moral da compreensão humanista que mais não é do que a magnanimidade do perdão aos que padecem de pobreza moral e a compaixão pelos que sofrem de miséria humana de todos os tipos e feitios.

No entanto, o escândalo de que Jesus falou era mais estrutural e funcional do que apenas moral na medida em resultava do aspecto óbvio e lógico de as criancinhas serem ingénuas por condição etária e inocentes por necessidade de crescimento moral! Pois bem, é esta a mesma lógica moral que hoje fundamenta a inaceitabilidade da pedofilia! O versículo referido de Lucas parece começar pelo escândalo em geral e acabar pelo mau exemplo que incorre sobre os “pequenos” e parvos, ou seja, os pequenos de corpo e de espírito (inocentes por idade) e os parvos de espírito por constituição mental ou em resultado da miséria moral. É duvidoso que Jesus incluísse aqui o escândalo social que ultrapassa a lógica paulina do mau exemplo para com um irmão na fé mal esclarecidos e acaba no medo hipócrita da perda de prestígio social, por mera cobardia moral característico do puritanismo vitoriano e burguês!

De qualquer modo, os rituais de iniciação antigos marcavam precisamente o acesso à vida adulta e serviam de prova, socialmente decisiva, para definir os que permaneciam socialmente parvos e inimputáveis, por razões que iam além da inocência da idade dos adultos restantes!

Se Jesus não foi um essénio ou uma espécie de gnóstico judaico, até ao ponto de poder ter consumado a iniciação ritual de Lazaro, usando a iniciação sexual como rito iniciático de passagem, é impossível demonstra-lo porque, por definição, os mistérios iniciáticos eram secretos e não deixavam testemunhas.

 

Ver: EVANGELHO SECRETO DE MARCOS (***)

 

Porém, em tese, também não há nada, a não o ser mero preconceito puritano e beato do catolicismo pós Constantino, que impeça de postular tal possibilidade. Pelo contraio, segundo Bernard Sergent[1], seria uma prática tão corrente nas culturas antigas (e mesmo arcaicas) que o anómalo seria que não tivesse acontecido, tanto mais que todas as correntes gnóstica do cristianismo primitivo o praticava. Ora, é precisamente o facto de os cristãos gnósticos, hoje bem conhecidos dos historiadores, terem sido sobretudo preponderantes na região Síria, Palestina e no Egipto e partilharem múltiplos Evangelhos iniciáticos de inspiração directa a partir dos próprios Apóstolos que as suspeitas de os mistérios cristãos medievais serem uma reminiscência deformada dos mistérios iniciáticos das primeiras comunidades cristãs.[2]

Numa época em que a pedofilia ganha foros de escândalo universal é difícil imaginar, no fundador do cristianismo, uma prática que hoje seria escandalosa! Mas também o mesmo acontecia em relação aos sacrifícios humanos dos fenícios (e da época arcaica dos gregos) em relação à época romana!

Porém, naquela época os mistérios eram a forma mais virtuosa de aceder à maturidade moral, que aliás acontecia mais cedo e de forma mais responsável do que hoje, Os “argumenta ad terrorem” relativos ao passado devem ser encarados com serenidade intelectual e com rigor comparativo!

Cada época tem alcançado os seus padrões de excelência moral e ninguém hoje tem culpa de a tradição beata ter imputado aos tempos de Cristo uma moralidade que ainda não existia possivelmente Jesus não poderia ter tido porque era humano, vivia como humano, foi tentado e pecou seguramente porque de outro modo não teria sido humano. Se os canónicos não registam nenhum pecado mortal de Jesus a leitura atenta de todos os textos conhecidos revelam suficientes pecadilhos veniais para no somatório total acabar por admitir que Jesus era sobretudo humano e muito humano e, por vezes, com iras súbitas contra figueiras indefesas e muita falta de maneiras para com a família! Mas, se aceitarmos que os crimes dos nossos códigos penais, politicamente correctos, seriam o correspondente dos pecados mortais dos fariseus do tempo de Jesus talvez seja hoje possível condenar o homem Jesus pelo pecado mortal da pedofilia iniciática! Mas isso seria seguramente farisaico e não teria em conta o facto de a pedofilia iniciática ser à época um mistério sagrado de profundo misticismo e religiosidade!

 

Ver: GNOSTICISMO HERÉTICO CRISTÃO (***)

 

Se Platão não tivesse inventado o amor celestial a partir do mito da dupla maternidade de Afrodite Pandemos / Afrodite Urânia os cristãos teriam inventado nos Ágapes o “amor platónico” mesmo sem a ajuda do Espírito Santo, o amor que procedo do amor entre o pai e o filho! É que, este amor sublimado e etéreo, tão catarino quanto provençal, tão poético quanto figura de retórica sem sentido (pelo menos no sentido comum do termo que na época clássica correspondia ao divino Amor, o “deus menino” filho duma deusa que os poetas tardios reputaram de prostituta!) permitiu na baixa idade média a invenção do “amor cortês” e, contemporaneamente, a banalização do uso de amores proibidos consanguíneos, outrora incestuosos e agora tão etéreos quão familiares e assexuados!

The death of John the Baptizer and the appearance of the young man. Were their presences at the beginning and end of the gospel not enough to tie them together as matching characters, the fact that the death of one is mirrored by the reader's first encounter with the other should suffice. The character of the young man (neaniskov) emerges, especially in light of Morton Smith's discovery of the suppressed portions of what is often called "Secret Mark", as the ideal narrative counterbalance to John. Jesus' raising him from the dead has suggested similarities to the raising of Lazarus in John. However, his narrative function, and the love shared by Jesus and the young man make him an even more attractive match for the "disciple whom Jesus loved." Both are beloved of Jesus, and both serve in the narrative as "ideal" followers. - [3]

Mas, permitiu também a perversão religiosa dos delírios místicos onanistas, como os de textos em estilo de crítica de cinema americano, que necessitam de estabelecer transcendentes e insondáveis relações significantes entre a “morte de S. João Baptista” na abertura do guião e o aparecimento em cena do jovem angélico (pelo menos noutros evangelhos!) no clímax apoteótico da cena da gloriosa ressurreição, o que, metendo pelo meio o jovem do evangelho secreto de Marcos deixando pelo caminho o “jovem rico”, bem como o jovem do lençol é não ver senão fumaça no meio de tão profusa informação esclarecida!

Claro que entre Lazaro e o evangelho secreto de Mateus existe mais do que similaridades porque serão a mesma personagem ou, de outro modo, os evangelhos seriam meras e desconexas historietas inventadas em torno de motes transmitidos de boca em boca. É bem possível que este jovem seja o “discípulo amado” do evangelho de S. João. Porém, a certeza só será alcançável depois descartar a possibilidade de este ter sido só ou também, ou apenas, Maria Madalena tanto mais que, a ter existido na cabeça de Jesus um ideal de discípulo”, este até poderia ter sido ela, na medida em que na igreja ortodoxa ainda tem o título de “apostulus apostulorum, se ela não fosse claramente referida como sendo a Maria Madalena do anuncio da ressurreição!

 

Ver: DISCÍPULO AMADO (***)

& EVANGELHO DE JOÃO SEGUNDO MADALENA (***)

 

Claro que toda esta retórica a meio caminho entre a apologética judaico-cristã e a psicanálise tem por finalidade a fuga com o rabo à seringa...e à humana sexualidade de Jesus! E tudo porque Jesus, o herdeiro dionisíaco de todo o amor sensível da antiguidade se transformou no etéreo amor cristão tão abstracto e intangível que o misticismo de Santa Teresa de Ávila chegou a roçar a heresia!

¿Quién sería capaz de añadir (algo) a vuestra estatura? Él (Dios) os dará vuestro vestido. Dícenle sus discípulos: ¿Cuándo te manifestarás a nosotros u cuándo te podremos ver? Díce(les Jesús): Cuando os despojéis (de vuestros vestidos) y no sintáis verguenza. -- Oxyrh. Pap. 655 (logia 36-37 y 39)

Alegoricamente falando Jesus poderia estar a pensar na vergonha de Adão quando se viu nu diante de Deus por ter pecado. Mas Jesus poderia estar a ser mais humano e a referir apenas aos seus amados discípulos que só manifestaria a plenitude dos seu amor quando estes deixassem te ter vergonha de o amarem na nudez da carne! Só um tonto poderá pensar que os judeus estivessem imunes às tentações da carne e ao pecado dos gregos!

Jesus pregou por todo o lado o Amor! Cristo transformou-se num deus do Amor sobretudo no Evangelho segundo S. João o mais gnóstico dos sobreviventes no cânon cristão, escrito por pelo discípulo amado particularmente!

Por que razão o Amor pessoal de Jesus por pessoas particulares há-de ser nos evangelho pouco mais do que um mero formalismo poético num discursos retórico em torno de meras simpatias suspeitas do pecado da parcialidade?

O ciúme foi semanticamente gerado pelo desamor entre mal amados, ou amantes em desigualdade amorosa ainda que platónica, e os que vivem ou viveram em conventos e seminários que o digam, tal como outros em idênticas situações o entendem! Então, se Jesus se arriscou a escandalizar os discípulos semeando entre eles inimizades alimentadas pelo ciúme, porque razão não teria Ele amado de forma humana e normal, pelo menos de forma cortês e cavalheiresca, o “discípulo amado”?

Por que razão é que a teologia cristã arrisca perder a humanidade de Jesus num universo paranormal de esquizofrenia neurótica só para salvar a angelitude de divino Amor de Cristo, ignorando que assim se coloca Jesus a meio caminho da homossexualidade neurótica?

Obviamente por causa da teimosia dos homens cegos pela fé que põem em rico a sobrevivência do que existe de melhor numa doutrina, só para não abrirem mão de utopias retóricas que deixaram de ser meras loucuras divinas para serem já tão-somente disparates amontoados sobre belas palavras de sentido distorcido. Tudo por um falso amor a um Deus vivo apenas nas ideias delirantes dos crentes. Porque, afinal, o cristianismo fundamentalista, paradoxalmente ajudado pelo catarismo gnóstico, de tanto ter idealizado a realidade de Jesus, para a tornar divina, fez com que a história de Jesus, tomada na literalidade de textos apologéticos tão velhos como a civilização ocidental, já não passe de um mito irreal, completamente desfasado dos paradigmas científicos pós-modernos!

É certo que no catolicismo a teimosia monoteísta judaica sobreviveu até hoje à custa de muita concessão e compromisso com o pensamento politeísta greco-romano mas à custa da construção dum tradicionalismo dogmático feito de anjos e demónios, santos e beatos, tão complexo quanto confuso e, no culminar, intelectualmente indefensável!

No entanto, se a igreja católica é um belo exemplo de pragmatismo camaliónico como regra da sobrevivência política feita à custa de inteligentes e oportunos ajiornamentos e de disfarces retóricos, a verdade é que o Concílio de Trento veio tarde e a más-horas. Não constituiu um salto em frente na modernidade teórica porque foi uma contra-reforma, ou seja uma mera reacção moral, alguma reforma ritual e muito reaccionarismo formal com um reforço do dogmatismo e do absolutismo papal precisamente na proporção inversa do declínio notório do poder temporal do catolicismo e do papado!

Já o Vaticano II, para conseguir ainda salvar o papado, deveria ter ocorrido logo que Luís XIV perdeu a cabeça! Há 500 anos talvez fosse possível continuar crente sem perder a razão mas nos tempos que correm só é possível continuar a acreditar na Verdade teimando ter razão!

A mitologia antiga aceitava a possibilidade pos-mortem da divinização efectiva dos semideuses e da divinização virtual e retórica dos faraós e imperadores absolutos mas o paradoxo dum deus simultaneamente humano como Jesus Cristo acaba por se revelar um escandaloso absurdo para as restantes religiões monoteístas que apenas aceitam que Jesus Cristo possa ter o estatuto de profeta ou de grande iluminado!

De facto, o racionalismo moderno aceitará ver em Jesus, o Cristo, um grande homem, um génio moral como Sócrates, um avatar religioso tanto ou mais sublime do que Buda ou um mestre ideológico mais poderoso do que Mao Tsetung, mas não pode tolerar o insulto ao bom senso e à razão pura, implícito na mítica angeleicalização de Jesus Cristo histórico feita pelos teólogos de serviço aos Santo Ofício e muito menos na Sua divinização mística e infantil levada a cabo pelos fundamentalistas cristão e católicos beatos.

Continuar a teimar numa autoridade absoluta em matéria de fé e moral e, sobretudo, julgar ter o monopólio da verdade religiosidade julgando ter a história do cristianismo como propriedade exclusiva dos cristãos é meio caminho andado para que estes acabem embriagados com a mística da queda do muro de Berlim entoando o canto de cisne antes de entrarem na curva apertada da queda do sacro império católico apostólico e romano!

A maior e única fé é que Deus é a Verdade e o divino Espírito Santo vencerá porque não há sabedoria sem razão nem boa-fé que se aguente à correr à frente do bom senso!

Se o cristianismo quiser sobreviver na história tem que mudar de metodologia começando em primeiro lugar por revogar o absolutismo real da infalibilidade papal no pensamento teológico e aceitar a democraticidade do livre pensamento como expressão prática do “livre arbítrio” aplicado à actividade intelectual!

De facto, o grande pecado contra o Espírito Santo de quase todos os católicos e duma grande parte dos cristãos é teimar no dogmatismo da possibilidade do acesso à verdade absoluta num universo de relatividade infinita aceitando que Deus tenha descido à terra para encarnar entre os homens como Jesus Cristo sem ter arriscado o estatuto da imortalidade divina!

Se o cristianismo quiser sobreviver na história tem que mudar de metodologia começando em primeiro lugar por revogar o absolutismo real do pensamento teológico a aceitar a democraticidade do livre pensamento!

 



[1] Bernard Sergent, L`HOMOSEXUALITÉ INICIATIQUE DANS L´EUROPE ANCIENNE.

[2] Nota: desenvolver a relação Gnósticos, catarismo, templários e outras heresias com a purga que os latinos fizeram a todas a religiões de mistérios orientais de forma a torna-las aceitáveis pelo estoicismo latino.

[3] Crucified Son of Man or Mighty One? Mark's Chiastic Gospel Structure and the question of Jesus' identity, Jeffrey H. Krantz.

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