sexta-feira, 29 de março de 2013

IV A VIDA POLÍTICA E MESSIÂNICA DE JESUS - 2. JESUS, O JUDEU, por arturjotaef


As correntes gnósticas do cristianismo primitivo formaram-se sobretudo em torno do núcleo original da família de Jesus, com Maria Madalena à cabeça enquanto primeira e principal testemunha deste culto de mistério.

Como Jesus, depois da Ascensão decidiu desaparecer de cena e entrar na clandestinidade absoluta, seguramente pela mais óbvia das razões que eram a de Jesus ser o criminoso mais procurado do império romano na época a pedido dos poderes judaicos dominantes, a conquista romana de Massada foi a consumação deste desígnio que acabou por destruir denunciados e denunciantes destruindo de vez o vespeiro de intrigas e revoltas religiosas que era a Judeia para os romanos. Há quem, como Donovan Joise no seu livro: “A Outra História De Jesus, se tenha posto a imaginar, com laivos de apocrifasia, que Jesus acabou os seus dias e a sua missão de messianismo essénio em Massada mas, se algum dia se vier a provar tal facto teremos afinal que confirmar o que parece: que Jesus semeou o cristianismo com o único objectivo falhado de restaurar o “reino de Deus” de Israel. Jesus era antes de mais um amante do seu povo que queria redimir da sujeição romana retirando-o ao controle político e religioso da casta dirigente que apelidava de hipócrita por não ser politicamente conveniente chamar-lhe traidora.

Jesus era tão humano que nem sequer teve uma visão humanista muito mais ampla do que a de qualquer judeu de boa vontade do seu tempo, e tão fanaticamente judeu que chegava a ser desumano nas suas atitudes para com os estrangeiros vizinhos e inimigos tradicionais dos israelitas.

Mc 7: 24 E, levantando-se dali, foi para os territórios de Tiro e de Sidom. E, entrando numa casa, queria que ninguém o soubesse, mas não pôde esconder-se, 25 porque uma mulher cuja filha tinha um espírito imundo, ouvindo falar dele, foi e lançou-se aos seus pés. 26 E a mulher era grega, siro-fenícia de nação, e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio. 27 Mas Jesus disse-lhe: Deixa primeiro saciar os filhos, porque não convém tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães.

Mateus 15: 21 Ora, partindo Jesus dali, retirou-se para as regiões de Tiro e Sidom. 22 E eis que uma mulher cananéia, provinda daquelas cercanias, clamava, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada. 23 Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de nós. 24 Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.

Tomé 93. Não deis as coisas puras aos cães, para que não as arrastem ao lodo. Nem lanceis as pérolas aos porcos, para que não as conspurquem.

Jesus chegava a ser desumano em muitas das suas atitudes não tanto por perder a cabeça por causa da insensatez dos seus discípulos mas, quase sempre, por ser demasiado judeu! Afinal, o ódio que manifesta em muitas das suas explosões de raiva contra a hipocrisia dos fariseus e doutores da lei era quase sempre apenas moralmente justificável por ser a manifestação duma profunda revolta em não ser aceite como messias e salvador daqueles que mais amava…ou dos que mais queria que o amassem!

Marcos 6: 6 E estava admirado da incredulidade deles. E percorreu as aldeias vizinhas, ensinando. 7 Chamou a si os doze, e começou a enviá-los de dois a dois, e deu-lhes poder sobre os espíritos imundos,

 

 

8 e ordenou-lhes que nada tomassem para o caminho, senão um bordão; nem alforge, nem pão, nem dinheiro no cinto; 9 mas que calçassem sandálias e que não vestissem duas túnicas.

 

10 E dizia-lhes: Na casa em que entrardes, ficai nela até partirdes dali.

 

 

 

11 E, quando alguns vos não receberem, nem vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles. Em verdade vos digo que haverá mais tolerância no Dia do Juízo para Sodoma e Gomorra do que para os daquela cidade.

Mateus 10: 5 A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes, dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos; 6 mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel; 7 e, indo, pregai, dizendo: É chegado o Reino dos céus. 8 Curai os enfermos, limpai os leprosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios;

de graça recebestes, de graça dai. 9 Não possuais ouro, nem prata, nem cobre, em vossos cintos; 10 nem alforges para o caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bordão, porque digno é o operário do seu alimento.

11 E, em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela seja digno e hospedai-vos aí até que vos retireis. 12 E, quando entrardes nalguma casa, saudai-a; 13 e, se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.

14 E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saindo daquela casa ou cidade, sacudi o pó dos vossos pés.

15 Em verdade vos digo que, no Dia do Juízo, haverá menos rigor para o país de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.

Lc 9:1-5 1 E, convocando os seus doze discípulos, deu-lhes virtude e poder sobre todos os demônios e para curarem enfermidades; 2 e enviou-os a pregar o Reino de Deus e a curar os enfermos. 3 E disse-lhes: Nada leveis convosco para o caminho, nem bordões, nem alforge, nem pão, nem dinheiro, nem tenhais duas vestes. 4 E, em qualquer casa em que entrardes, ficai ali e de lá saireis. 5 E, se em qualquer cidade vos não receberem, saindo vós dali, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles. 6 E, saindo eles, percorreram todas as aldeias, anunciando o evangelho e fazendo curas por toda a parte.

De facto suspeita-se que Jesus sofria da ambivalência emocional típica dos que estão sujeitos à maldição dos filhos bastardos traduzida na rejeição familiar, na segregação social e na marginalização cultural típica das culturas patriarcais.

Nenhum bastardo entrará na congregação do SENHOR; nem ainda a sua décima geração entrará na congregação do SENHOR. - Deuteronômio 23:2.

Esta maldição dos filhos bastardos devia estar de tal modo infiltrada no imaginário moral dos judeu que chegou ao sec. XIX na forma de um preconceito ainda tão forte que até o poderoso ateu e materialista Marx teve difucldades em resistir-lhe.

Mesmo após Marx ter tido um filho fora do casamento e, de certo modo, rejeitado a criança, Engels assumiu a paternidade oficial do filho do amigo para lhe proteger de escândalos públicos. -- HUNT, Tristram. Comunista de casaca: a vida revolucionária de Friedrich Engels. Traduzido por: Dinah Azevedo. Rio de Janeiro: Record, 2010.

Suspeitamos que Jesus sabia da sua origem bastarda herodiana e edumeia e é por isso difícil imaginar que não tenha havido na sua alma uma profunda ambivalência tanto a família com quem era notória a animosidade como com o próprio judaísmo corrente de tipo farisaico o que torna a sua postura dentro do nacionalismo judaico tão desconcertante e contraditória como era a política religiosa e moral da própria sociedade judia do tempo da guerra da Judeia.

De facto, dentro do princípio de que os inimigos dos meus inimigos meu amigos estratégicos são Jesus nunca arriscou uma afronta directa aos herdeiros de Herodes no poder, como fez antes seu primo S. João Batista. Do mesmo modo Herodes partilhava a mesa com o essénio Menaem porque estes eram contra o poder oficial do Templo judeu.

Assim, Jesus pode ter sido na clandestinidade pós a sua estranha Ascensão um dos principais responsáveis nazarenos pela instabilidade política da Judeia que lançou judeus contra judeus até que Tito se fartou e decidiu atacar o problema no seu âmago acabando o que os zelotas tinham começado destruindo o templo e a cidade de Jerusalém que era cobiçado como capital do “reino de Deus” por todos os candidatos messiânico.

Porém já duvidamos se Jesus concordaria inteiramente com o argumento tipicamente judaico de que a Nova Aliança pregada por Paulo foi blasfema porque tudo aponta para que tenha havido uma aliança estratégica entre ambos aquando da aparição de Jesus a Saulo a caminho de Damasco.

Em Timoteo e Aquila diz o judeu: “Todas as nações que estão debaixo de céu sabem que o Senhor Deus de nossos pais estabeleceu uma Aliança em Horeb por meio de sangue: E o Senhor Deus disse: "Quem quebrar este Minha Aliança seguramente morrerá, porque quebra a Minha convenção". Contudo você diz agora que o Deus quebrou a sua própria Aliança?

No entanto seria fácil refutar este argumento mesmo sem ser a favor dos cristãos!

2-5O Senhor nosso Deus fez uma aliança convosco no Monte Horebe. Reparem bem que não foi com os vossos pais que esse contrato foi estabelecido, mas convosco mesmo, os que estão vivos agora. Falou convosco face a face no meio do fogo lá na montanha. Eu fui intermediário entre vocês e Jeová, porque vocês estavam aterrorizados com todo aquele braseiro, e não foram ter com ele ao cimo do monte. Foi pois a mim que me falou e eu comuniquei-vos as suas leis. É isto que ele disse: 6'Eu sou o Senhor, o vosso Deus, que vos libertou da escravidão do Egipto. (…e de seguida ditou o decálogo)

32-33Por isso deverão obedecer a todos os mandamentos do Senhor vosso Deus, seguindo as suas directivas em cada detalhe, seguindo decididamente no caminho que ele vos traça, sem se desviarem nem para um lado nem para outro. Só assim terão uma vida longa e próspera na terra que vão possuir.

1º Lendo atentamente o texto do Deutronómio ou Moisés exagerou no termo aliança que usou ou alguém redigiu mal o texto porque mais do que um contrato estamos perante uma ordenança legislativa.

2º Diz muito mais o texto: “Reparem bem que não foi com os vossos pais que esse contrato foi estabelecido, mas convosco mesmo, os que estão vivos agora” o que em rigor deve ser extensivo a todos os que lêem este texto, judeus ou gentios, tanto mais que a exclusão dos pais dos que saíram da servidão do Egipto implica não apenas a inclusão dos descendentes como sobretudo a extensão deste contrato a todos os que “estão vivos agora”, ou seja, toda a humanidade porque não faria sentido que um Deus Único o fosse apenas de uma raça ou de um grupo de crentes.

2º Em rigor nunca poderia tratar-se de uma nova aliança, tal como o não pode ser a cristã, porque já tinha sido feita uma aliança solene de Deus com a humanidade depois do dilúvio.

8Disse também Deus a Noé, e a seus filhos com ele:

9Eis que eu estabeleço o meu pacto convosco e com a vossa descendência depois de vós, 10e com todo ser vivente que convosco está: com as aves, com o gado e com todo animal da terra; com todos os que saíram da arca, sim, com todo animal da terra. 11Sim, estabeleço o meu pacto convosco; não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio; e não haverá mais dilúvio, para destruir a terra.

3º O pacto do monte Horebe não foi feito por meio de sangue mas do fogo e não teve como condição a morte de ninguém.

4º Tratando-se de um contrato unilateral imperativa pode ser revogada a qualquer momento pelo mandante sobretudo se este for Deus e Senhor da sua vontade omnipotente, absoluta e soberana.

5º Segundo a lógica profética Deus nunca abandona o seu povo mas é sempre o povo que vira as costas a Deus e sofre por isso as consequências da ruptura do pacto do monte Horebe. A prática histórica veio no entanto a demonstrar que Deus começou a abandonar Israel quando este se dividiu no fim do reinado de Salomão, primeiro com a queda do Reino do Norte às mãos dos Assírios e depois do reino do sul com a deportação da Babilónia.

6º Sendo os judeus apenas um duodécimo das doze tribos de Israel não poderiam em rigor continuar a reivindicar o estatuto de “povo eleito” que os cristãos apenas tentaram substituir já não na base racial do pacto de sangue mas na de uma nova aliança de fé e doutrina a partir da mitologia messiânica criada pela própria frustração do “povo eleito”, gerada pela instabilidade da sua localização geográfica no corredor sírio e tornada definitiva e irreversível pela sua destruição apocalíptica com o holocausto de Jerusalém durante as guerras judaicas!

7º Os cristãos foram apenas os primeiros de entre os desiludidos judeus a darem conta de que o “reino de Deus” não poderia mais voltar a localizar-se neste mundo e muito menos na instável e inóspita palestina e que por isso teria que passar a ser politicamente correcto: católico, apostólico e romano.

8º Como o reino de Deus não poderia ser deste mundo e a Parusia do filho do homem sobre as nuvens foi alargada para além da geração apostólica para o século seguinte e sucessivamente para o próximo milénio, a instabilidade doutrinária dentro da cristandade nunca mais acabou assim que começou a primeira desavença Paulina com Santiago e com a primeira heresia de Simão Mago.

9º A miragem cristã começou a ser menos universal e católica com a chegada do Islão no século sétimo.

10º O fim da história também não viria a acabar com a impossível morte de Deus no século 19 (até porque, por definição, o que não existe é imortal) decretada pelo materialismo dialéctico.

 

OS PRIMEIROS CRISTÃOS FORAM OS EBIONITAS?

Vem de longa data a controvérsia sobre a vida de Jesus. Certas religiões o consideram Homem Deus ou mensageiro do alto. Outras o julgam, filosofo ou líder de massas e dominador de multidões, um homem de génio, um homem prodigioso, um revolucionário e a até quem o julgue como o pior dos anarquistas (Aníbal Vaz de Melo).

A medida que crecía el número de gentiles en la iglesia cristiana y los cristianos de origen judío se convertían en una minoría, los que eran especialmente celosos de la ley se constituyeron en un grupo.

Formaron una o más sectas que, en pensamiento y en práctica, se ubicaban en la zona fronteriza entre el cristianismo y el judaísmo.

Los escritores cristianos hablan de los ebionitas como el grupo principal quizá el único de estos cristianos judaicos. El nombre de la secta deriva de una palabra hebrea que significa "pobre", y pudo haber sido un término que se aplicaba al principio a los cristianos en general, como lo afirma Epifanio; más tarde se usó para designar a los cristianos judaicos (Orígenes, Contra Celso ii. 1). Es muy posible que la Epístola a los Hebreos hubiera sido escrita para que los cristianos judaicos que estaban dispuestos a escuchar a Pablo se mantuvieran fieles en la aceptación de Jesucristo como Salvador y Sumo Sacerdote, en oposición al grupo de cristianos judaicos que insistían en mantener su vinculación con el sacerdocio judaico y sus rituales.

Si fue así, la Epístola a los Hebreos bien podría haber señalado una división entre las dos clases de cristianos judaicos, con el resultado de que los ebionitas se constituyeron en una secta ritualista y legalista que dependía de la conservación de las formas externas del judaísmo. Schaff describe este movimiento como "un cristianismo judaizante, pseudopetrino [falsos seguidores de Pedro]" o "un judaísmo cristianizante" (History of the Christian Church, t. 2, p. 429).

La mayor parte de los ebionitas deben haber sido fariseos. Eran los sucesores naturales de los judaizantes, a quienes Pablo se opuso tan vigorosamente, tal como se lee en su Epístola a los Gálatas. Aceptaban a Jesús como el Mesías prometido, el hijo de David, pero sólo como a un hombre como Moisés y David y como el resultado de la unión natural de José y de María.

Según su creencia, Jesús se dio cuenta de su condición mesiánica cuando fue bautizado por Juan, momento en el que le fue dado un espíritu divino.

Los unitarios del siglo XIX reconocían que esta enseñanza es similar a su creencia en cuanto a Jesús. Por eso algunos de ellos afirmaban que los ebionitas fueron los verdaderos cristianos primitivos y que el movimiento cristiano inicial fue unitario.

La idea de los ebionitas de que en su bautismo el Jesús humano recibió un espíritu divino podría hacer que fueran los progenitores del adopcionismo posteriorclip_image002.

Insistían en mantener la circuncisión y toda le ley ritual de Moisés como necesaria para la salvación de los hombres.

Eusebio hace notar que los ebionitas observaban tanto el sábado como el domingo, en memoria de la resurrección del Señor (Historia eclesiástica iii. 27. 5).

Os ebionistas não sobreviveram porque, de acordo com a política religiosa fracturante da época, explícita no Apocalipse, quem não era carne nem peixe nem frio nem quente seria vomitado da boca para fora da corrente cultural da história que levaria à divinização de Jesus Cristo.

Ebionismo (do hebraico אביונים, Evyonim, "pobres") é o nome de uma das ramificações do Cristianismo primitivo, que pregava que Jesus de Nazaré não teria vindo abolir a Torá como prega a doutrina paulina. Desta forma, pregavam que tanto judeus como gentios convertidos deveriam seguir os mandamentos da santa Torá, o que levou a um choque com outras ramificações do Cristianismo e do Judaísmo.

As informações sobre os ebionitas ficaram registradas nos escritos dos pais da igreja. Pelas informações que constam nos escritos dos pais da igreja, vemos que os ebionitas diziam que é necessário obedecer a todos os mandamentos da Lei de Deus (Torá), inclusive ao mandamento de fazer a circuncisão, e que os gentios que se convertem a Deus devem fazer a circuncisão, e devem obedecer a todos os mandamentos da Lei de Deus (Torá), e que Jesus Cristo é o Messias, mas não é Deus, e que Jesus Cristo não nasceu de uma virgem, mas sim foi gerado por José, e que Paulo de Tarso foi um apóstata da Lei e não foi um verdadeiro apóstolo de Jesus Cristo, e que as Escrituras Sagradas são somente o Tanach (Antigo Testamento) e um único evangelho, que era considerado como sendo o Evangelho segundo Mateus, e era escrito em hebraico, e era menor do que o Evangelho segundo Mateus em grego que é usado pelos católicos, pois os católicos o consideravam como sendo incompleto e truncado.

Na verdade, o evangelho de Mateus não teria, como o de Marcos, as fantasias relativas à infância de Jesus que foram adicionadas pelas Igrejas gentias ao gosto do helenismo com a mesma retórica paralela dos restantes deuses salvadores. O postulado deste acrescento gentio iniciado por Lucas, o médico amigo de S. Paulo, seria de colocar como hipótese racional. Ora, o simples facto de ter existido uma corrente de cristãos judaizantes que terão estado desde a primeira hora ligados a S. Tiago, o irmão mais chegado a Jesus, só pode servir de reforço da sua plausibilidade considerada nos tempos modernos como condição sine qua non para poder aceitar a existência de Jesus como uma lenda originada nos círculos sadoquistas essénios e nazorenos e não meramente como um mito inventados por judeus helenizados da diáspora para se imporem como um contraponto da tradição oriental de Adónis / Tamuz no terreno fértil dos deuses salvadores do baixo-império.

As origens do ebionismo ainda são obscuras. Crê-se no entanto que o ebionismo é o cristianismo original, ou uma das ramificações primitivas do cristianismo. Em oposição à doutrina paulina, o ebionismo deve ter surgido entre os seguidores de Jesus e Tiago, o Justo, que buscavam conciliar a crença messiânica com o cumprimento das leis da Torá. O choque entre os dois grupos: judaizantes e antijudaizantes já é aparente no livro de Atos, onde a discussão entre os dois grupos obriga à convocação da assembléia dos apóstolos (Atos15 ), e em Atos 21:17-26, onde consta que havia na Terra de Israel dezenas de milhares de judeus que criam em Jesus Cristo e eram zelosos observadores da Lei (Atos 21:20), e que houve uma situação de confronto entre eles e Paulo, considerado por eles como apóstata, pois haviam sido informados de que Paulo pregava a desobediência aos mandamentos da Lei. Embora os judeus cristãos mencionados em Atos 15:1 e 21:20 não fossem ainda chamados ebionitas, pois esta denominação somente começou a ser usada mais tarde, eles eram ebionitas, pois sua crença e prática era igual à dos ebionitas.

O confronto entre os judaizantes e os antijudaizantes aparece também em Gálatas 2:11-21, onde consta que Cefas (Pedro), seguindo orientação de Tiago, obrigava os gentios a judaizarem, e Paulo não concordava com isso.

O movimento ebionita enfatizaria a natureza humana de Jesus, como filho carnal de Maria e José, que teria se tornado Filho de D-us quando de seu batismo, e sendo descendente de Davi, tornar-se-ia o rei do povo de Israel e seu último grande profeta. Desprezado por cristãos e judeus, o ebionismo constituiu uma ramificação separada e organizou sua própria literatura religiosa.

Sendo assim, os ebionistas seriam os seguidores de Jesus e Tiago que se recusaram a entrar nas veleidades helenistas dos deuses salvadores de S. Paulo mas que também desprezavam o judaísmo novo-rico da casta sacerdotal judaica e eram por isso uma espécie de franciscanos judeus. João Batista teria sido o pioneiro deste movimento que não se entregou inteiramente à sedução de Jesus pois alguns dos seus discípulos continuaram um movimento autónomo que terá andado na Judeia misturados com os gnósticos mas que acabou no mandeísmo da Caldeia.

Os madianitas afirmam que os precursores de sua seita vieram do antigo Egito, embora a seita seja originária da Palestina. Eles não eram judeus, mas viviam lado a lado com estes. Sua seita, conhecida então como nazoreanos, era liderada por João Batista, mas já existia desde muito tempo antes. Eles o veneram, mas não o consideram nada além de um grande líder e profeta. Sofreram perseguições, primeiro por parte dos judeus, depois dos cristãos, e foram expulsos da Palestina, cada vez mais para leste, até chegarem a sua terra atual.

Os madianitas viam em Jesus um mentiroso, um embusteiro, um feiticeiro do mal, o que corresponde com a visão dos judeus expressa no Talmude, onde se diz que Cristo foi acusado de "desencaminhar" os judeus e que sua sentença de morte lhe foi imputada por ter sido condenado como ocultista.

Todas as seitas vinculadas a João Batista, embora individualmente sejam relativamente pequenas, se, tomadas em conjunto, representavam um enorme movimento. Os madianitas, simonianos, dositeanos e os próprios cavaleiros templários (existem argumentos favoráveis para que sejam incluídos) foram brutalmente perseguidos e suprimidos pela Igreja Católica em virtude de seu conhecimento sobre o Batista e sua reverência a ele, permanecendo apenas o pequeno grupo de madianitas no Iraque. Nos outros lugares, particularmente na Europa, os joanitas passaram talvez a se mover pelo submundo, mas ainda existem.

 

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