quinta-feira, 28 de março de 2013

VI A PAIXÃO DE CRISTO – 4 ECCE HOMO, por arturjotaef


VI A PAIXÃO DE CRISTO – 4 ECCE HOMO,

por arturjotaef

Figura 1: O Ecce Homo é uma pintura a óleo sobre madeira de carvalho realizada cerca de 1570 pertencendo à oficina do pintor do gótico português Nuno Gonçalves. (Museu de Setúbal).

O púrpura que eles colocaram em nosso Senhor por zombaria, foi dado em presente aos Macabeus pelos imperadores gregos; e entregaram-na aos sacerdotes para vestir o templo. Os sacerdotes tomaram isso e levaram-no a Pilatos, dando testemunho e dizendo: "Veja o púrpura que Ele preparou quando pensou em se tornar rei", a roupa que os soldados dividiram em quatro partes indica a passibilidade de Seu corpo. A túnica sem costura nos seu extremo superior e que não foi alugado é o mistério da Divindade que não pode admitir o sofrimento. - O Livro da Abelha editado e traduzido por Earnest A. Wallis Budge, M.A.[1]

Marcos, 14: 65 E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe punhadas, e a dizer-lhe: Profetiza. E os servidores davam-lhe bofetadas.

Mateus, 26 67 Então, cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, e outros o esbofeteavam, 68 dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?

Lucas, 22: 63 E os homens que detinham Jesus zombavam dele, ferindo-o. 64 E, vendando-lhe os olhos, feriam-no no rosto e perguntavam-lhe, dizendo: Profetiza-nos: quem é que te feriu? 65 E outras muitas coisas diziam contra ele, blasfemando.

João, 18: 22 E, tendo dito isso, um dos criados que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: Assim respondes ao sumo sacerdote? 23 Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; e, se bem, porque me feres?

João, 20: 5 Saiu, pois, Jesus, levando a coroa de espinhos e a veste de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem. 6 Vendo-o, pois, os principais dos sacerdotes e os servos, gritaram, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o!

 

FLAGELAÇÃO

E pensar que sua aparência totalmente mudada pelos espancamentos e ferimentos pudesse ser escondida ao ponto de que discípulos desesperados se convencessem que ele era o "Ressurrecto Senhor da Vida" e "Conquistador da Morte" é absurdo! Um homem em tais condições dificilmente teria inspirado seus discípulos. Jesus teria sido incriminado como uma fraude. Somente um Jesus ressurrecto seria capaz de sarar os corações feridos dos discípulos. -- Autor: Rev. Gary W. Jensen, M.Div. Editor: Paul S. Taylor, Eden Communications.

Será certo que Jesus foi cruelmente torturado antes e depois da condenação a morte, segundo afirmam alguns evangelistas? Também, sobre este episódio, existem sérias dúvidas. Sabe-se que não existiam tais torturas antes da condenação a morte. O que existia naquele tempo era o costume de, depois do réu ter sido condenado à morte, os soldados romanos se permitirem troçar da vitima segundo antigos rituais, por exemplo, vestindo-o de palhaço ou de rei. A narrativa sobre as suas torturas poderia ser fruto, pelo menos em parte, como em outros episódios da paixão, do desejo de fazer coincidir com a história de Jesus as profecias bíblicas, que diziam que o futuro Messias ia ser escarnecido e torturado. Mas tão-pouco temos a certeza disto. – Jesus, esse grande desconhecido, por Juan Árias.


Figura 2: "A flagelação de Cristo". (Pintura de Giovanni Francesco Barbieri dum homoerotismo sadomasoquista incontornável!).

 

Marcos, 14: 16 E os soldados o levaram para dentro do palácio, ao pretório, e convocaram toda a coorte. 17 E vestiram-no de púrpura e, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça. 18 E começaram a saudá-lo, dizendo: Salve, Rei dos judeus! 19 E feriram-no na cabeça com uma cana, e cuspiram nele, e, postos de joelhos, o adoravam. 20 E, havendo-o escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e o vestiram com as suas próprias vestes, e o levaram para fora, a fim de o crucificarem.

Mateus 27: 27 E logo os soldados do governador, conduzindo Jesus à audiência, reuniram junto dele toda a coorte. 28 E, despindo-o, o cobriram com uma capa escarlate. 29 E, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça e, em sua mão direita, uma cana; e, ajoelhando diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, Rei dos judeus! 30 E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça. 31 E, depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe a capa, vestiram-lhe as suas vestes e o levaram para ser crucificado.

Lucas, 23 11 E Herodes, com os seus soldados, desprezou-o, e, escarnecendo dele, vestiu-o de uma roupa resplandecente, e tornou a enviá-lo a Pilatos. 12 E, no mesmo dia, Pilatos e Herodes, entre si, se fizeram amigos; pois, dantes, andavam em inimizade um com o outro.

João, 20: 1 Pilatos, pois, tomou, então, a Jesus e o açoitou. 2 E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram sobre a cabeça e lhe vestiram uma veste de púrpura. 3 E diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas. 4 Então, Pilatos saiu outra vez fora e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum. 5 Saiu, pois, Jesus, levando a coroa de espinhos e a veste de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.

De acordo com os canónicos não existiu nenhuma cena de flagelação, todos falam em cenas de ridicularização de tipo iniciático como a de Hércules no reino de Onfala. Só Lucas não se refere ao facto de os romanos se terem particularmente divertido com a pertença qualidade de Jesus ser rei dos Judeus enquanto Messias, e Lucas é particularmente baralhado na forma como descreve esta cena o que permite concluir que é muito possível que a cena dos”suores de sangue” pudesse ter feito parte desta cena do ecce homo antes de ter sido sujeito a graves distorções na sequência narrativa.

De acordo com os canónicos não existiu nenhuma cena de flagelação, todos falam em cenas de ridicularização de tipo iniciático como a de Hércules no reino de Onfala.



Figura 3: Ecce homo” de Lovis Corinth.

Figura 4: Hércules & Onfala[2].

Nesta cena dum homoerotismo sadomasoquista óbvio em ambiente actualizado anacrónico, à boa maneira medieval, um travesti flagelado assistido pelo chefe político e médico do sistema e pelo guarda pretoriano de Mussolini, seria uma tradição arcaica da humilhação suprema pela qual Hércules passou nas mãos de Onfala. Neste caso, e sabendo-se que a acusação principal com que os romanos se preocupavam era a de que o insignificante Jesus se intitulava ”rei dos Judeus” a coroação de espinhos já seria plausível no contexto de ridicularização ritual dos presos que aguardavam julgamento.

 

Ver: HÉRCULES E ONFALA

 

Ora, os espinhos e o suor provocado pelo ambiente abafado dos calabouços da guarnição romana da torre Antónia em Jerusalém, dariam ao rosto de Cristo o aspecto de suar sangue na cena do «Ecce Homo»!

Mateus: 27.26 Então ele libertou para eles Barrabás e, tendo açoitado Jesus, o libertou para ser crucificado.

Marcos: 15.15 Então Pilatos, desejando satisfazer a multidão, soltou para eles Barrabás; e tendo açoitado a Jesus, ele o entregou para ser crucificado.

A descrição que Marcos fez da flagelação é a da “coroação de espinhos” e aquela que os historiadores referem como plausível de acordo com o processo penal romano da época. De facto, Lucas não se refer à flagelação! João parece uma cópoa dos sinópticos com a particularidade de referir que a flagelação não passou de umas bofetadas típicas de guardas prisionais que pretendem impor a autoridade romana sobre um rebelde judeu.

João 19: 3 e chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.


Figura 5: O Eche Homo de Rubens, tão homoerótico como os outros que mais parece a venda dum gladiador num mercado de escravos.

Sendo pouco provável a existência duma flagelação de Jesus comparável às formas de tortura de condenados a que se pretende extrair à força uma verdade politicamente escaldante, então, todas as considerações tendenciosas que se façam sobre o mau estado geral em que Jesus estaria, depois de ter passado pelos suplícios da paixão, não resistem a pelo menos dois tipos de argumentação (uns por absurdo e outros pela mera regra das probabilidades com precedentes).


Figura 6: Ecce Homo gótico de Quentin Matsys.

III - Paixão de Jesus 1. E eles, tendo tomado o Senhor, o empurraram à pressa e disseram: Vamos arrastar o Filho de Deus, agora que somos donos dele. 2. E vestiram-no com uma túnica púrpura, e o fizeram sentar-se no átrio, dizendo: Julga igualmente, oh rei de Israel. 3. E um deles, trazendo uma coroa de espinhos, colocou-a na cabeça do Senhor. 4. E outros, diante dele, cuspiram em seu rosto, outros o atingiram nas bochechas, outros o espancaram com uma cana, e alguns o chicotearam com um chicote, dizendo: Vamos prestar essas honras ao Filho de Deus. - O EVANGELHO DE PEDRO (fragmento grego de Akhmin).

E difícil perceber nesta descrição trôpega do evangelho de Pedro se terá existido uma verdadeira flagelação ou uma mera pantomina! No entanto, tratando-se de populaça, Jesus terá levado algumas vergastadas, o que está longe das descrições dilacerantes e confrangedoras da tradição católica da semana santa espanhola.

Por absurda provocação doutrinária, poderia reconsiderar-se que, se Jesus foi capaz de fazer ressuscitar Lazaro, também poderia ter sido capaz de resistir às agonias dos passos da paixão. Esta lógica é tão elementar que já estava contida nos próprios evangelhos em diversas passagens nas quais os seus adversários e inimigos o criticavam por não ser capaz de fazer em seu proveito o que fazia de miraculoso aos outros, permitido antever a conclusão de que os poderes de Jesus não seriam afinal tão infinitos e ilimitados quanto seria suposto serem os poderes de um Deus vivo!

João 11: 37 Mas alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também que este não morresse?

Obviamente que se Jesus se tivesse limitado ao papel dum profeta hoje estaríamos quanto muito apenas a discutir a bondade e/ou razoabilidade das sua doutrina. Porém como o demonstra o episódio do “domingo de ramos”, Jesus pretendeu, ou tinha, por compromisso político e/ou de família, também que assumir o papel de Messias Judeu, o Cristo, que não era senão a versão judaica do rei sacerdote oriental típico das teocracias faraónicas orientais, ou seja, Jesus Cristo resulta duma dupla singularidade: uma relativa à cultura política judaica e outra ao génio doutrinário político de Jesus. Ora, não foi esta a primeira vez, nem viria a ser a última em que a realidade da acção política concreta determinou o desenvolvimento duma abordagem doutrinária inovadora!

Claro que os cristãos irão contrapor que não era esse o desígnio místico de Jesus Cristo mas antes o de se revelar como o filho do Deus vivo e então, entramos no campo duma monumental e holiudesca encenação dos mistérios arcaicos de morte e ressurreição pascal o que, para um Jesus que condenava o materialismo supersticioso dos que clamavam por sinais miraculosos de poder divino, se torna eticamente tão estranho quanto era uma manifestação escandalosa duma hipócrita apoteose do contraditório.

Marcos 8: 10 E, entrando logo no barco com seus discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta. 11 Saíram os fariseus e começaram a discutir com ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o experimentarem. 12 Ele, suspirando profundamente em seu espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum. 13 E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado. 14 Ora, eles se esqueceram de levar pão, e no barco não tinham consigo senão um pão.

O tema do sacrifício do filho de Deus para salvação da humanidade não seria novidade no mundo canaanita uma vez que este fazia parte dos mistérios pascais de morte e ressureição de Adónis.

 

Ver: HERGAMOS (***)

 

Os judeus monoteístas substituíram estas tradições por uma suposta fuga do Egipto, quiçá mais histórica do que poderia ser politicamente conveniente na medida em que poderá corresponder ao que restava da dos apoios semitas ao helioteismo de Aquenaton. Jesus Cristo retomou esta mística seguramente para seu suporte ideológico da sua, precária, pretensão dinástica ao trono asmonita. No entanto, esta mística poderia ser, na forma do messianismo judaico, ainda incipiente e ainda muito diferente da que veio a resultar no cristianismo posterior. De certa forma, Jesus Cristo foi uma criação a partir da transformação dos diversos mistérios arcaicos de morte e ressurreição pascal em torno da singularidade histórica concreto de Jesus.

Já muito mais tarde nestas divagações etimológicas deparei-me pela primeira e única vez com ao nome de Mavet em lugar de Mot na referência seguinte:

Na adoração de Baal, acreditava-se que Baal tinha enganado Mavet (o deus da morte) aquando do equinócio da Primavera. Ele fez-se passar por morto e depois apareceu vivo. Ele teve sucesso neste ardil dando o seu único filho como sacrifício.[2]

Se já Baal se tinha feito passar por morto também Cristo, o memo filho de deus, iria repetir a mesma mítica façanha como único processo para ludibriar a cruz e salvar a sua doutrina salvando-se a si mesmo depois de ter evitado o sacrifício do próprio filho, neste caso em decisiva e humanista oposição ao mito de Baal.

Ora, a mística da morte do filho de Deus para remissão dos pecados da humanidade seria assim a sobrevivência no baixo-império romano da evolução sublimada da mística da tradição arcaica dos sacrifícios humanos fenícios.

 

Ver: CANIBAL & SACRIFÍCIOS HUMANOS (***)

 

Argumento final: apelando para a história e os remédios, para a arqueologia e até para as regras militares romanas, Metherell fechou todas as lacunas: Jesus não conseguiu descer da cruz vivo. Mas ainda assim, eu o afastei. "Existe alguma maneira possível - de qualquer forma possível - de que Jesus poderia ter sobrevivido a isso?" Metherell sacudiu a cabeça e apontou seu dedo para a ênfase. "Não absolutamente ", disse ele. "

Lembre-se que ele já estava em choque hipovolémico pela enorme perda de sangue mesmo antes da crucificação começar. Ele não poderia ter fingido sua morte, porque você não pode fingir a incapacidade de respirar por muito tempo. Além disso, a lança empurrada em seu coração teria resolvido a questão de uma vez por todas. E os romanos não estavam prestes a arriscar sua própria morte, permitindo que ele se afastasse vivo".[3]


Figura 7: Ecce homo gótico de Hans Holbein.

Esta argumentação apenas serve para enredar os dogmáticos nas malhas dos seus próprios vícios de pensamento, feridos ab inicio de falta de racionalidade porque a fé que, por definição, careça da razão é fraca e titubeante! Para demonstrar as falácias da teologia racional já temos quanto baste das críticas da “Razão Pura” de Kant. De presunção e água benta os beatos tomam e abusam! Obviamente que Metherell apresentar como facto incontroverso a suposta hipovolemia que nenhum evangelista relata e que estranhamente os outros ladrões que foram crucificados com ele, não apenas para servirem de castiçais, não tiveram.

Das leis romanas de execução na palestina sabemos pouco porque os judeus, nesta altura, ainda tinham direito a algumas excepções, por causa das suas particularidades religiosas. Por outro lado, sabemos que os romanos nas províncias pretendiam acima de tudo enriquecer e a corrupção foi sempre uma forma rápida e expedita de o conseguir. Pilatos era notoriamente corrupto.

Pôncio Pilatos é citado por várias fontes como tendo sido o prefeito da Judeia no momento da crucificação de Jesus. Filo descreveu-o como sendo "por natureza rígido e obstinadamente duro" e fala de "subornos, actos de orgulho, actos de violência, atropelos, casos de tratamentos maldosos, assassinatos constantes sem julgamento, a incessante e a mais gravosa brutalidade de que os judeus o acusaram”. (Philo, De legatione ad Gaium, 301)[4]

Obviamente que é quase certo que Jesus foi condenado sem julgamento, ou apenas depois dum simulacro de julgamento, pois a morte de Jesus já estava decidida na sequência de um acordo entre Judas e judeus no pressuposto de que Pilatos iria aceitar a troca de Jesus por um número de insurrectos presos recentemente e de que o episódio de Barrabás é um eco equívoco!

A versão apócrifa do Testimonium Flavianum, em versão ortodoxa, contém uma interpolação que bem pode ter sido recolhida num dos evangelhos perdidos. O mal destas fontes apócrifas é conterem mais de mentira piedosa do que de verdade histórica. No entanto, retirando a mentira piedosa de fácil identificação (sobretudo neste caso em que se colocam judeus convictos a assumirem a responsabilidade pela morte de Jesus por crucificação) acabamos por ficar com pouca luz a respeito de que verdadeiramente aconteceu em volta da estranha história da Paixão. No entanto a repetição da informação de que os judeus deram 30 talentos a Pilatos é sugestiva da mesma corrupção em que andou envolvido Judas Iscariote.

E deram 30 talentos a Pilatos para que o matassem. E ele tomou [o] e deu-lhes liberdade para fazerem como entendessem. E eles buscaram um momento adequado para matá-lo. Pois eles já haviam dado a Pilatos 30 talentos antes, para que ele lhes desse Jesus. E eles o crucificaram contra a própria lei ancestral, e eles o criticaram muito.- Testimonium Flavianum [5]

José de Arimateia era, antes de mais, um homem rico e a forma como Pilatos se articulou com o centurião de serviço para que a entrega do corpo de Jesus fosse decidida em segredo não difere muito de certos expedientes de que se servem ainda hoje os agentes funerários para conseguirem que as autoridades policiais e administrativas dispensem autópsias incómodas ou acelerem formalidades legais a certos cadáveres de pessoa influentes. Por outro lado parece que a entrega do corpo de Jesus a José de Arimateia era um assunto já decidido ainda antes da morte de Jesus.

1. Mas José, amigo de Pilatos e do Senhor, permaneceu lá. E, sabendo que ele seria crucificado, foi a Pilatos e pediu que o «corpo» do Senhor para o sepultar. - O EVANGELHO DE PEDRO (fragmento grego de Akhmin)

Jesus seria bem mais influente no meio social da Judeia do seu tempo do que convêm admiti-lo hoje aos adeptos das teorias miserabilistas a respeito das origens humildes de Jesus. Jesus poderia ser um ramo empobrecido da linha de sucessão ao trono Asmoneu ou de outra linha davídica ou herodiana, mas estaria cercado de amigos ricos ou podia ter nascido pobre e ter casado rico como Maomé! E hoje poderíamos saber quase tudo se os cristãos não tivessem andado enredados nas malhas do gnosticismo que pretendia a construção dum cristianismo místico e angelical.

 

VIA SACRA.

Marcos 15: 21 E obrigaram certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz.

Mateus 27: 32 Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.

Lucas 23: 26 Quando o levaram dali tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz.

João 19: 17 Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota, [6]

E tanto é assim que temos um indício de que, pelo menos no que diz respeito ao transporte da cruz, Jesus teve direito a tratamento VIP porque, contrariamente à tradição popular, Cristo foi dispensado de transportar a sua própria cruz. Ora, a veracidade deste facto é atestada pelos três sinópticos!

Quem era de Cirene seria Simão, aquele a quem obrigaram a transportar a cruz de Jesus, pessoa bem conhecida de Marcos ao ponto de lhe conhecer os filhos, Alexandre & Rufo?

 

Ver: MARCOS (***)

 

De onde é que a história de que Jesus foi crucificado veio? Parece ter resultado de várias origens. Em primeiro lugar, houve três personagens históricas durante o período Romano que as pessoas pensavam ser o Messias e que foram crucificadas pelos Romanos, a saber, Yehuda da Galileia (6 D.C.), Theudas (44 D.C.) e Benjamim, o Egípcio (60 D.C.). Dado que se pensava que estas três pessoas eram o Messias, elas foram naturalmente confundidas com Yeishu e ben Stada. Yehuda da Galileia tinha pregado na Galileia e tinha arranjado muitos seguidores antes de ser crucificado pelos Romanos. A história do ministério de Jesus na Galileia parece ter sido baseada na vida de Yehuda da Galileia.


Figura 8: Simão de Cirene. (Biagio d'Antonio, Simão de Cirene ajuda Cristo a lever a cruz.)

Esta história e a crença de que Jesus viveu em Nazaré na Galileia reforçaram-se mutuamente. A crença de que alguns dos discípulos de Jesus foram mortos em 44 D.C. por Agripa parece ser baseado no destino dos discípulos de Theuda. Dado que ben Stada tinha vindo do Egipto é natural que ele tenha sido confundido com Benjamim, o Egípcio. Eles foram também, provavelmente, contemporâneos. Alguns escritores modernos até sugeriram que eles foram a mesma pessoa, apesar disso não ser possível pois as histórias das suas mortes são completamente diferentes. Nos Actos dos Apóstolos do Novo Testamento, que usa o livro de Flávio Josefo "Antiguidades Judaicas" (93 – 94 D.C.) como referência, é deixado claro que o autor considerou Jesus, Yehuda da Galileia, Theudas e Benjamim, o Egípcio como quatro pessoas diferentes. No entanto, naquela altura já era muito tarde para anular as confusões que já tinham acontecido antes do Novo Testamento ter sido escrito, e a ideia da crucificação de Jesus tinha-se tornado uma parte integral do mito.

(...) O terceiro factor que contribuiu para a história da crucificação é, outra vez, a mitologia pagã. O tema de uma divindade ou semi-divindade sendo sacrificada contra uma árvore, poste ou cruz, e depois ressuscitando, é muito comum na mitologia pagã. Foi encontrado nas mitologias de todas as civilizações ocidentais, estendendo-se desde um extremo oeste como a Irlanda até um extremo este como a Índia. Em particular, é encontrado nas mitologias de Osíris e Attis, ambos os quais eram muitas vezes identificados com Tammuz. Osíris acabou com os seus braços esticados numa árvore tal como Jesus na cruz. Esta árvore era, às vezes, mostrada como um poste com dois braços esticados – o mesmo aspecto da cruz Cristã. Na adoração de Serapis (uma composição de Osíris e Apis), a cruz era um símbolo religioso. De facto, o símbolo da "cruz Latina" Cristã parece ser baseado directamente no símbolo da cruz de Osíris e Serapis. Os Romanos nunca usaram esta cruz tradicional Cristã para as crucificações, eles usavam cruzes com a forma de um X ou de um T. O hieróglifo de uma cruz numa colina era associada a Osíris. Este hieróglifo representava o "Good One", em Grego "Chrestos", um nome aplicado a Osíris e outros deuses pagãos. A confusão deste nome com "Christos" (= Messias, Cristo) reforçou a confusão entre Jesus e os deuses pagãos. -- O MITO DO JESUS HISTÓRICO, Hayyim ben Yehoshua.





[1] The purple which they put on our Lord mockingly, was given in a present to the Maccabees by the emperors of the Greeks; and they handed it over to the priests for dressing the temple. The priests took it and brought it to Pilate, testifying and saying, 'See the purple which He prepared when He thought to become king,' The garment which the soldiers divided into four parts indicates the passibility of His body, The robe without seam at the upper end which was not rent, is the mystery of the Godhead which cannot admit suffering. -- The Book of the Bee edited and translated by Earnest A. Wallis Budge, M.A.


[2] Hercules and Omphale, from a Pompeian painting. Illustration from History of Rome by Victor Duruy (Kegan, Paul, Trench & Co, 1884).


[3] O MITO DO JESUS HISTÓRICO, Autoria de Hayyim ben Yehoshua.


[4] Final Argument: Appealing to history and medicine, to archaeology and even Roman military rules, Metherell had closed every loophole: Jesus could not come down from the cross alive. But still, I pushed him further.”Is there any possible way-any possible way-that Jesus could have survived this?" Metherell shook his head and pointed his finger at me for emphasis.”Absolutely not," he said.”Remember that he was already in hypovolemic shock from the massive blood loss even before the crucifixion started. He couldn't possibly have faked his death, because you can't fake the inability to breathe for long. Besides, the spear thrust into his heart would have settled the issue once and for all. And the Romans weren't about to risk their own death by allowing him to walk away alive." – Case for Christ/Case for Faith Compilation, Lee Strobel.


[5] Pontius Pilate is cited by several sources to have been the prefect of Judea at the time of Jesus’ crucifixion. Philo described him as being “by nature rigid and stubbornly harsh” and speaks of “the bribes, the acts of pride, the acts of violence, the outrages, the cases of spiteful treatment, the constant murders without trial, the ceaseless and most grievous brutality” of which the Jews accused him. (Philo, De legatione ad Gaium, 301).


[6] And they gave 30 talents to Pilate that they should kill him. And he took [it] and gave them liberty to carry out their wishes themselves. And they sought out a suitable time to kill him. For they had given Pilate 30 talents earlier, that he should give Jesus up to them. And they crucified him against the ancestral law, and they greatly reviled him. - Testimonium Flavianum.


[7] Mr 15:21 - They *pressed into service a passer-by coming from the country, Simon of Cyrene (the father of Alexander and Rufus), to bear His cross.

Mt 27:32 - As they were coming out, they found a man of Cyrene named Simon, whom they pressed into service to bear His cross.

Lu 23:26 - When they led Him away, they seized a man, Simon of Cyrene, coming in from the country, and placed on him the cross to carry behind Jesus.

John 19:17 - "They took Jesus therefore, and He went out, bearing His own cross, to the place called the Place of a Skull, which is called in Hebrew, Golgotha

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